quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Saintia Sho, a nova aposta dos CDZ e da JBC

Primeiras impressões e a participação das mulheres nos mangás


Neste domingo (23/10) foi lançado o mais novo mangá tanto da JBC  quanto dos Cavaleiros do Zodíaco. E, novamente, a nossa querida editora nipo-brasileira, em sua política invejável de aproximação do público, organizou um evento para o lançamento e o seu já tradicional bate-papo. Entre os convidados de destaque estavam os cabeças da editora, Del Greco e Medauar (que voltou bronzeado depois das férias na Austrália), e Luiz Angelotti, o cabeça brilhante por trás das licenças da série animada de Saint Seiya.
Em comemoração aos 30 anos de CDZ e aos 20 anos de CDZ no Brasil, a JBC está trazendo alguns produtos novos e outros tão desejados pelos fãs. Entre os anúncios, ficamos sabendo do artbook de CDZ - Lost Canvas que será lançado ainda esse ano, segundo eles (sei não, viu?), mais alguns detalhes sobre o primeiro Kanzenban (se você ignorar o kanzenban do Dragon Ball da Conrad) de valor mais elevado que os cosmos dos cavaleiros de ouro, e finalmente as explicações sobre o lançamento do dia, Saintia Sho.
Deixando o evento um pouco de lado, bora falar do mangá em si sem dar spoilers para não estragar a brincadeira.

Às vésperas do início da Guerra Galáctica, a batalha entre os Cavaleiros de Bronze pela Sagrada Armadura de Ouro de Sagitário idealizada por Mitsumasa Kido, as cortinas de uma nova guerra se abrem!

Em segredo, Éris, a Deusa da Discórdia, prepara-se para atacar o Santuário enquanto os olhos do mundo se voltam para o torneio que fará o universo tremer. Apenas um grupo de guerreiras dotadas de grande poder e idêntica coragem poderá impedir que as Forças do Mal se apoderem da Terra.

Entra em cena uma ordem composta somente por mulheres até então desconhecida dentre os Cavaleiros de Athena. Tidas como lendas até mesmo no Santuário, as “Saintias” (“Cavaleiras”, numa tradução literal) formam a guarda pessoal de Athena.

Quando Éris surge para tomar o mundo, será a Saintia chamada Shoko quem terá de elevar seu cosmo ao infinito para defender a deusa guardiã da paz da fulminante investida da divindade maléfica contra o Santuário. Inimiga mortal de Athena desde tempos mitológicos, a Deusa da Discórdia ataca com suas leais Dríades.



O mangá traz uma história nem tão inovadora assim, afinal estamos falando de CDZ, logo o enredo é baseado numa guerra que está para começar e de um lado temos Éris, a deusa da discórdia, que quer dominar a terra e afundá-la em guerra e discórdia (alguma semelhança com Poseidon ou Hades?), e do outro temos Athena, ainda inexperiente - a história se passa bem no começo da série clássica, na época da guerra galática pela armadura de ouro - que luta para manter a paz na terra com a ajuda de, aí vem a diferença, suas Saintias (que na prática, são as "cavaleiras" da vez).
Saintia é uma classe diferente de guerreiras. São lendas até mesmo entre os Cavaleiros de Athena. Enquanto as amazonas devem abrir mão de sua feminilidade, usando máscaras, assim como Marin, Shina e June, para se igualar ao cavaleiros nas frentes de batalhas, as Saintias tem a missão de cuidar das necessidades da reencarnação da deusa como mulher. São como damas de companhia que lutam bem pra cavaleiro, por isso não precisam usar máscaras e ainda são femininas.


Fomos apresentados a três Saintias neste primeiro volume, Mii de Golfinho, que cresceu ao lado de Athena, Kyoko de Equuleus que foi selecionada para ser uma Saintia e Shoko, irmã mais nova de Kyoko e protagonista da série.
Shoko até então não surpreende em nada, pelo menos no início da série. Ela é uma versão feminina da mescla entre Seiya e Tenma. Tem gênio forte, muito espirituosa, hiperativa, não se concentra em explicações longas. Conseguiu inclusive despertar seu cosmo sem consciência disto. Logo vemos uma repetição do perfil de protagonista digna de CDZ, só não sei se isso é bom ou ruim.
O mangá em si tem uma história legal, mas como eu disse, não espere nada novo. Troque cavaleiros por Saintias e você já tem a fórmula.
O mangá publicado pela JBC vem no formato 13,5 por 20,5cm, papel brite (igual ao Nanatsu no Taizai), mais ou menos 190 páginas, no preço de 15,90, mas será bimestral para dar uma folguinha no bolso... Quem assinou, ou comprou no lançamento, vai levar uma sobrecapa-poster (para você que foi no lançamento, tenho certeza que veio a voz da japonesa na cabeça agora), que casa bem com o mangá. Eu pelo menos achei que ficou bonito. Tem páginas coloridas no começo do mangá que foram muito bem trabalhadas.

A participação de mulheres no mangá


Em certo momento do evento de lançamento, um dos editores acabou dizendo que o diferencial do mangá é as personagens femininas que são predominantes na história, que estas representam o público feminino nos mangás e que seria um atrativo para mais garotas se interessassem por eles.
Não acho que seja bem assim. Mesmo em mangás, ou quadrinhos, ou até mesmo outras mídias, temos um histórico horrível de representação feminina. Fazem uma história na intenção de atrair mais mulheres, no entanto o tiro sai pela culatra e atraem ainda mais homens. Veja o exemplo de Lola Bunny, que foi criada para atrair meninas a assistir aos desenhos da Looney Tunes, porém acabou atraindo mais garotos. A empresa, nada boba, redesenhou a personagem mais sensual para agarrar mais menininhos na puberdade.
Nos quadrinhos, não foi diferente, basta você pesquisar sobre as personagens durante os anos 1990 e você verá a Vampira dos X-Men num traje sufocante que realça suas curvas, ou a Mulher Maravilha usando maiôs com três números menor que seu manequim. Não estou reclamando nem nada, afinal eu, como muitos outros, assistíamos as animações justamente para ver isso.
Entretanto, podemos notar que os quadrinhos estão mudando um pouco essa postura de representação das mulheres. Estão tratando temas mais atuais, como a adolescência, câncer de mama, relacionamentos abusivos, etc. Falei um pouco disso no meu outro texto que você pode conferir aqui.
Por mais que nossos mestres nipônicos estejam dando mais espaço para mulheres em animes e mangás, ainda não acho que seja uma grande presença, personagens fortes, inteligentes e independentes. Claro que há exceções como por exemplo a CLAMP, que sempre focou em fabricar heroínas e personagens com características forte; e melhor do que a CLAMP neste quesito não posso deixar de falar no Studio Ghibli, onde a mulher, garota ou menina é o tema principal de suas produções.

Esses são exemplos isolados. No geral, quando a mulher é retratada no mangá, principalmente shonen, elas são esteriótipos. Muitas personagens femininas são secundárias e não protagonistas. Mesmo as protagonistas são desenhadas com rostos perfeitos, seios e nádegas avantajados, às vezes grandes até demais, pouca roupa, isso quando a roupa não se rasga quando a personagem leva um tapa na cara (??). Quando não, são fofinhas e engraçadinhas, justamente para atrair sua simpatia.

Cavaleiros do Zodíaco não foge a essa regra. Não apresentou uma personagem feminina marcante. Tá bom vai, alguém vai falar da Athena. Pelo menos a Saori não é bom exemplo. Quando não tá com uma flecha no peito, está numa torre cheia de água ou presa num jarro, sempre esperando ser resgatada. Marin e Shina apareceu muito pouco e quando apareceu não fez nada notável. Pandora o máximo que conseguiu fazer foi dar a pulseira para o Ikki ir para o Elísio. No Lost Canvas tivemos uma participação melhor de Sasha, Yuzuriha e Pandora, que foram personagens marcantes, porém representam uma pequena parcela.
Saintia Sho apresenta uma proposta interessante em colocar várias personagens femininas na linha de frente, entretanto a personagem principal, Shoko, assim como as outras, não foge do esteriótipo, sendo bela, de bom corpo, com a personalidade fácil de gostar por manter uma certa inocência.
Mas ainda é cedo para falar. Foi lançado apenas o primeiro volume aqui na terra de índio e essa é apenas uma análise preliminar. Espero a personagem se desenvolva e seja exemplo para que as personagens femininas ganhem o espaço que merece no mundo dos mangás.

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Um comentário:

  1. A mesma história de sempre. Essa deusa Athena sempre precisando ser defendida.

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